domingo, 5 de junho de 2011

Um olhar sobre a Educação de Jovens e Adultos - EJA

"A alfabetização de jovens e adultos deve ser considerada não apenas como forma de integrar o indivíduo ao mundo das letras, mas sim que o mesmo faça uso social e possa integrar-se socialmente, agindo de forma ativa e reflexiva."


A educação de Jovens e Adultos (EJA) se insere dentro de um contexto social, na qual objetiva a continuação dos estudos de pessoas que não tiveram oportunidade ou abandonaram os estudos em idade regular. Com uma proposta didático-metodológica diferenciada, esta modalidade de ensino propõe através de alternativas educativas uma melhor assimilação e compreensão no processo de ensino-aprendizagem.
Prevista na Lei de Diretrizes Bases da Educação, n° 9394/1996, Artigo 37, a EJA é definida, garantindo a todos um ensino de qualidade, acessível e inclusivo.

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada aqueles que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria.
§ 1º. Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos da idade regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos e exames.
§ 2º. O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre si.

Sabemos que desde a primeira Constituição Brasileira (1824), diversos pontos falam à respeito da Educação de Jovens e Adultos, porém, entre os grandes entráves que essa modalidade de ensino teve durante décadas, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996, é que garante o maior acesso, permanência e inclusão a todos que não tiveram oportunidade ou não terminaram os estudos na idade própria.
Desta forma, a Educação de Jovens e Adultos fomenta uma possibilidade que pode favorecer um caminho para o desenvolvimento de todos os indivíduos, de todas as faixas etárias. Compreender esse processo educativo é uma grande responsabilidade social e educacional, cabendo ao docente, no seu papel de mediar o conhecimento, ter uma base sólida de formação.
A vulnerabilidade social das pessoas jovens e adultas, surge nesse contexto, como a necessidade de buscar o retorno ou a inserção escolar, depreendendo-se em muitos casos de fatores, como, a presença constante de um mundo cada vez mais globalizado que exige, entre outros fatores, uma visão crítica e aberta aos mais diversos meios comunicativos, bem como a extinção do analfabetismo.
A alfabetização de jovens e adultos deve ser considerada não apenas como forma de integrar o indivíduo ao mundo das letras, mas sim que o mesmo faça uso social e possa integrar-se socialmente, agindo de forma ativa e reflexiva. Para isso é necessário alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita
A questão do processo da alfabetização de adultos fora da faixa etária passa por alguns mitos que precisam ser quebrados, como o preconceito social de que essas pessoas não conseguem desenvolver um aprendizado que satisfaça e que supra as necessidades da contemporaneidade. Nesse contexto, é importante que o educador tenha o aprendiz como indivíduo, ser humano, e não como “aquele que não sabe.” De acordo com Pinto (2003, pág. 91): a definição do analfabeto (definição autêntica) tem que ser estabelecida em termos de necessidade ou não de saber ler, e de nenhum modo pelo fato exterior do simples desconhecimento. Com isso, podemos dizer que o ato do retorno ou da inserção na escolarização, parte do principio da necessidade de subsistência do individuo quando atende a uma sociedade voltada ao mundo do trabalho.
Muito embora, nas últimas décadas os estudos acadêmicos e as ações governamentais e não-governamentais tenham se intensificados acerca da EJA, ainda há muito o que fazer por esta modalidade de ensino, como por exemplo, criar estratégias para a diminuição da evasão escolar, que é bastante acentuada nesse contexto, bem como qualificar melhor os educadores para trabalharem de forma em que possam estimular os alunos a compreender a educação como o “único meio de libertação”, assim como desenvolver nos educandos o hábito da prática da leitura e da escrita.
A educação deve ser o processo através do qual o indivíduo consiga fazer a história com suas próprias mãos, a fim de mudar o rumo da mesma. E o docente deve acreditar no educando e, na sua capacidade de aprender, descobrir, criar soluções, desafiar, enfrentar, propor, escolher e assumir as conseqüências de sua escolha. Entretanto isso não será possível se continuarmos avaliando os alfabetizandos com desenhos pré-formulados para colorir, com textos criados por outros para copiarem, com caminhos pontilhados para seguir, com histórias que alienam, com métodos que não levam em conta a lógica de quem aprende (FUCK, 1994).

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