BAGNO,
Marcos. Preconceito Lingüístico – O que é,
como se faz. Ed. Loyola, 50ª edição. São Paulo, SP. 2008, Pág. 23 – 89.
O livro “Preconceito Lingüístico” do autor
Marcos Bagno trata de questões relacionadas ao modo de como se fala e escreve
dentro da escola e da sociedade. Com objetivo de
tornar o seu livro um instrumento de combate a toda forma de preconceito adentrado
em situações com perfis diversificados no contexto social brasileiro.
Na obra, o autor faz
reflexões sobre alguns aspectos do uso da norma culta, detalha exemplos
impregnados a convivência real dos sujeitos, caracterizando-os em classes, e
fazendo menção ao fato dos modos encontrados. O capítulo está organizado oito
mitos:
No primeiro mito, “o Português do Brasil apresenta uma unidade
surpreendente”, o autor mostra o quanto este pode ser prejudicial à
educação porque ao não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado
no Brasil, a escola tenta impor sua norma lingüística como se fosse, de fato, a
língua comum a todos os habitantes do País.
No mito dois, “brasileiro não sabe português/Só em Portugal
se fala bem português”, Bagno faz uma longa análise levando em conta a
história desses dois países e desmistifica mais esse preconceito. Para o autor,
a mistura de raças teria variado a lingüística brasileira.
No mito três, “português é muito difícil”, segundo
Marcos Bagno, o português é difícil porque, em muitos casos, foge da realidade
de como o sujeito fala.
No mito quatro, “as pessoas sem instrução falam tudo errado”,
é comentado que na visão do preconceito linguístico, qualquer manifestação da
língua fora do triângulo escola-gramática-dicionário é considerada errada.
No mito cinco, “o lugar onde melhor se fala português no
Brasil é o Maranhão”, para o autor este
é um mito sem nenhuma fundamentação científica, uma vez que nenhuma
variedade, nacional, regional ou local seja intrinsecamente ” melhor” , ” mais
pura” , ” mais bonita” , ” mais correta” do que outra.
No
mito seis, “o certo é falar assim porque se escreve assim”, é comentado no texto que, por conta, da variação que acontece em
toda comunidade linguística, toda língua não é falada do mesmo jeito em todos
os lugares, e nem do mesmo jeito o tempo todo. Existem os sotaques da cada
região que permitem que a mesma palavra falada em todo o Brasil possa ser
pronunciada de forma diferente devido a esse fenômeno.
No mito sete, “é preciso saber gramática para falar e
escrever bem”, o autor fala que
essa afirmação é inerente entre os professores de português, e também divulgada
em gramáticas normativas, porém não condiz com a realidade.
No oitavo e último mito, “o domínio da norma-padrão é um instrumento
de ascensão social”, Marcos Bagno diz
que o domínio da norma culta/padrão não resolve os problemas econômicos,
e questiona: “se realmente a
norma-padrão fosse responsável pela ascensão social, ocupantes do topo da
pirâmide social, econômica e política, seriam os professores de português,
afinal, quem tem mais domínio da norma-padrão do que eles?”
Deste modo, podemos
compreender que o preconceito lingüístico é alimentado diariamente em todos os
setores da sociedade, principalmente pelas mídias. A forma pela qual as pessoas
se comunicam gera grande entráves no cotidiano, e é neste contexto que Marcos
Bagno sugere que temos de combater o preconceito lingüístico recusando os
velhos argumentos que visam desprezar o saber
individual. No entanto, devemos entender que respeitar o modo que cada um
fala e escreve não significa que temos que vulgarizar a língua. Devemos saber
que para cada situação há um modo pela qual devemos nos expressar, isto é,
saber diferenciar os ambientes formais e não-formais.
Verisnalda Costa